14-1-2025
Charolas da Bordeira, as primeiras bicicletas, centenas de pessoas, automóveis, autocarro e camião, a presença da ministra Maria da Graça Carvalho, água benta, um viva da vereadora: tudo, após 17 anos, para receber a tão ansiada «bonita» nova ponte da Praia de Faro, e desejar «que a obra revolucione o acesso à praia».
Este desejo já tinha duas décadas, mais propriamente desde 2008.
Após dois concursos que ficaram desertos, à terceira, a extinta Sociedade Polis Litoral Ria Formosa pegou no projeto. A empreitada incluía a construção do parque de estacionamento exterior e passadiço pedonal de acesso à Praia de Faro (1ª fase do processo), concluída em 2016, a construção da nova ponte e a demolição da antiga ponte, quando a nova fosse finalizada (2ª e 3ª fase).
Em 2021 deu-se luz verde para a empreitada avançar, mas com um custo maior de 8,5 milhões de euros, e a cargo do Município.
A obra tem a estrutura de betão armado, constituída por pilares que conjuntamente com o elemento carlinga constituem um pórtico, o que forma o tabuleiro. A ponte apresenta um comprimento de 1.78 metros e uma largura de 10.36 metros, e está estruturada em oito vãos. Tem ainda duas faixas de rodagem, dois passeios pedonais e um deles aliado ao componente ciclável, permitindo «revolucionar as condições de acessibilidade, mobilidade e segurança de acesso de e para a Praia», refere Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, durante o discurso.
«Hoje é para mim como autarca um dia muito feliz e de grande alegria, não podia ser de outra forma. Finalmente após alguns avanços, certamente muitos recuos, podermos concretizar com anseio com praticamente duas décadas esta obra icónica que temos honra de inaugurar. Foi uma obra muito complexa que se realizou no Algarve neste século», referiu Rogério Bacalhau.
O presidente, que já está de saída para as Águas do Algarve, espera que esta obra revolucione «as condições de acessibilidade, mobilidade e segurança no acesso de e para a Praia».
Para falar das condições de acesso e mobilidade, ao contrário das restrições da «velhinha ponte», que completou no dia 70 anos, esta ponte pode receber automóveis ligeiros, veículos de emergência e socorro e veículos pesados. O que antes era apenas de circulação alternada e vedada a veículos pesados.
Tal como se viu após o momento do corte da fita, centenas de pessoas, carros, bicicletas, autocarro da Câmara (o primeiro veículo em cima da ponte), dois camiões da FAGAR e dos bombeiros passaram a ponte (escolhidos de forma simbólica), sendo um importante benefício para todos aqueles que pretendem visitar a Praia de Faro.
Ainda no cortar da fita, a inauguração também contou com o cónego César Chantre para abençoar a nova estrutura.
A antiga ponte ainda lá está ao lado da nova, mas espera-se que seja demolida em breve.
Segundo Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, presente na inauguração, «foi uma ponte que demorou muito tempo e muito desejada pela população de Faro e de todo o Algarve. Está feita, é o que interessa».
«Uma ponte bonita e que vai dar uma maior acessibilidade a esta maravilha em que estamos que é a Ria Formosa», acrescenta.
A seguir à inauguração, ao longo da tarde a ministra do Ambiente e da Energia visitou os núcleos das ilhas da Culatra, Hangares e Farol para ouvir a população sobre os problemas que lá existem referentes às casas que estão perto da linha da água e aos estatutos das próprias ilhas.
A ministra admitiu que já houve demolição de casas que estavam em perigo, mas prometeu que não haverá mais, vendo uma solução que reconhecerá a existência de comunidades com direitos adquiridos há vários anos.
«Estamos a estudar a situação das três comunidades: Farol, Hangares e Culatra. Juntamente com a Agência Portuguesa do Ambiente e a Câmara de Faro porque parte desta comunidade tem um modelo diferente» disse a ministra aos jornalistas, na Associação de Moradores dos Hangares.
Os três núcleos de habitação estão todos localizados na Culatra e tem estatutos distintos: uns estão reconhecidos em parte e sob tutela do município, outros em Domínio Público Marítimo e outros sem reconhecimento (Hangares). O Farol, desde o início de 2024, que está dividido entre a Câmara Municipal de Faro, a parte legal, e a parte ilegal.
Que soluções têm?
«Renaturalização, no sentido de demolição de casas que têm muitos anos e onde vivem pessoas, não é para avançar», afirmou a ministra.
«Temos de ter essa atenção: o que não significa que não haja um processo de recuperação, de reabilitação, de um melhor ordenamento do território. É por aí que estamos a conduzir os nossos esforços», acrescentou.
Por enquanto está a analisar os riscos, ver as condições para fiscalizar e evitar mais construções, situações ilegais e aumento da população porque é um ecossistema frágil.
O modelo não está definido, mas espera a ajuda da Câmara de Faro como uma entidade bem posicionada para recuperar, reabilitar e fiscalizar.
Aos jornalistas, a ministra do Ambiente e da Energia referiu que o Governo está a começar os procedimentos para a construção de uma outra ponte: a que vai fazer ligação entre Sanlúcar de Guadiana e Alcoutim, havendo as possibilidades de estar pronta até 2026, visto que o investimeto vem do Plano de Recuperação e Resiliência, com um custo de 14 milhões de euros. Esta ponte já é desejada há vários anos, seja por parte de Alcoutim ou de Sanlúcar.
Texto/Fotos: Cátia Rodrigues
Estrela Do Amanhecer