13-11-2023
Ser Bombeiro não é fácil. Tem as suas formações, a coragem e as suas defrontas, e uma delas é quando há os temidos incêndios.
Todos os anos, no verão, vemos muitas notícias sobre os incêndios, e no Algarve não é exceção.
Segundo Guilherme Santos, 2º Comandante do Corpo de Bombeiros Municipais de Loulé, o verão de 2023 foi melhor comparativamente a outros anos, pois houve «muito mais material e mais equipamentos dispersos por zonas de maior risco que estava nas proximidades dos focos de incêndios», sendo mais fácil de se chegar rapidamente ao local.
Não são muitas as diferenças entre o verão e o inverno no que toca ao risco de incêndio. As diferenças são que no inverno há humidade e não cria grandes catástrofes, enquanto no verão os fatores de aumentar os riscos são o aumento da população, visto que o Algarve quadruplica o número de moradores, e o calor na vegetação, pois os terrenos estão secos e o fogo acaba por se flagrar. No caso do concelho de Loulé, a zona de Quarteira, Vilamoura, Quinta do Lago e Vale do Barranco são os mais afetados em termos populacionais.
Quando há a situação de fogo, os bombeiros veem no com respeito, reconhecimento, começam por retirar o combustível ou reduzir o máximo possível, combatem de lado, empurram para onde não há e fazem a extinção.
Para prevenir, o princípio é a limpeza.
«Se houver alguma limpeza e alguma descontinuidade da limpeza, e tiver minimamente limpo já não se propaga por outras zonas», afirma o 2º comandante.
Toda a coragem dos bombeiros é adquirida dos conhecimentos que vão obtendo através da evolução e das formações para que cada um esteja capacitado para tal. Há um chefe de equipa a liderar para que possa enviar cada um para a sua função.
“Vidas por vidas” é o lema que os Bombeiros de Loulé se focam para salvar cada indivíduo e é através do reconhecimento, do salvamento, estabelecimento de ação, ataque e proteção, «que se consegue chegar à conciliação do incêndio».
Ainda há coisas a melhorar na cooperação dos Bombeiros. Os equipamentos existem apesar de ser necessário renovar e atualizar para mais tecnológicos. O problema maior é a necessidade de mais efetivos a trabalhar, pois quando a população aumenta as pessoas tem que estar seguras, senão torna-se difícil de fazer o socorro e as áreas são muito grandes socorrer.
Na cooperação de Loulé são 87 os bombeiros profissionais, entraram 13 elementos na recruta e já está outro concurso a decorrer para mais 20 elementos se candidatarem.
Para se ter esta profissão é importante a disponibilidade em ajudar o próximo, ir a concurso público enfrentando provas escritas, físicas, médicas e psicológicas, seguindo-se para uma escola de formação onde haverá 6 meses de teoria e mais 6 de prática, para que no final tenha, no mínimo 14 valores. Após este processo, poderá ficar com o cargo ou não. Para comandante é necessário ir a outro concurso.
O 2º Comandante deixa um apelo para evitar os incêndios.
«A mensagem é que cuidem dos vossos terrenos, tentem fazer o mínimo de limpeza para que as vossas árvores não venham a arder e que tenham as coisas em condições para que nós ao chegarmos lá tenhamos as coisas no sítio em segurança»
Guilherme acrescenta a mensagem para quem quiser se formar na cooperação.
«E os futuros bombeiros que queiram vir para cá tem que ter o gosto de salvar vidas que é o princípio de tudo, é o salvamento humano, animais, natureza, bens pessoais», acrescenta, ainda, para quem queira entrar nesta profissão.
Os Bombeiros Municipais de Loulé começaram a ser criados a 27 de Outubro de 1927, existiu um quartel perto do Estádio Municipal, na Avenida José Costa Mealha, no Cineteatro Louletano, e atualmente localiza-se na Rua Humberto Pacheco.
Guilherme Santos recorda-se que a partir dos 11 anos começou a tentar entrar nos Bombeiros ao ajudar a levar água às pessoas. Agora, com 45 anos, tem uma carreira de 30 anos e sente-se orgulhoso da posição onde chegou. Ao fim de 27 anos passou a cargo de comando, foi subchefe principal, licenciou-se, tirou mestrado, e a seguir aceitou o cargo de 2º Comandante através de uma convocatória da Câmara Municipal.
«Por volta dos 3 anos abalei com o triciclo e fui tentar ir aos bombeiros, mas apanharam-me no meio da rua, para salvar um gato que estava em cima de uma árvore. Havia um sentimento logo desde aí, talvez um pouco levado pelo meu pai ser bombeiro», relembra Guilherme do começo da paixão por ser Bombeiro.
Desde que conseguiu entrar, Guilherme nunca parou e na sua carreira lembra-se de situações más, como um carro que se despistou na A22 ou do incêndio em Odemira, mas também teve situações boas, como o salvamento de um senhor que começou a sentir dor no peito e que conseguiu salvá-lo a tempo.
Muitas vezes os Bombeiros tentam fazer alguma coisa, mas não conseguem chegar a tempo devido à localização da situação, por dia há em volta de 30 serviços, mas uma coisa eles levam em mente em cada batalha: «nunca há lucro, o lucro é salvar vidas».
Texto| Fotos: Cátia Rodrigues
Estrela Do Amanhecer