27-1-2023
Foram cerca de 6 mil professores que se uniram e se encontraram no Largo do Mercado Municipal de Faro para lutar e desfilar até à Delegação Regional da Educação, ontem, dia 26. E que resultou numa adesão «à greve dos professores do distrito de Faro de 93% a 95%», segundo o Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS).
“Ministro escuta, os professores estão em luta!”, “A luta continua nas escolas e na rua”, “Doença reconhecida, mobilidade garantida”, “Nós exigimos respeito” foram algumas das frases que os professores repetiam em coro, em protesto, pelas ruas de Faro.
Escolas de Albufeira, Faro, Boliqueime, Culatra, Conservatório de Música de Loulé, Moncarapacho, Fuseta, Montenegro, Parchal e entre outras, foram sendo anunciadas ao longo da manhã que tinha aderido à greve e estavam sem aulas, sendo que a nível da região havia « escolas de todo o Algarve, desde Vila do Bispo a Vila Real de Santo António», referiu Ana Simões, dirigente sindical.
Segundo Catarina Marques, professora da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, os professores estão a lutar para que « o governo possa dar resposta aqueles que são os problemas da carreira docente e da escola pública, os professores vivem em constante precariedade, de casa às costas, têm os horários completamente desregulados, têm tempo de serviço que são 6 anos, 6 meses e 23 dias que trabalharam e que o governo não quer contabilizar, e, portanto, tem um desgaste enorme, há falta de professores nas escolas porque esta profissão deixou de ser atrativa, e por estas, e por outras razões, o governo tem que arranjar uma resposta ao problema dos professores e ao problema da escola pública».
Refere ainda que o governo «vai baixando cada vez mais o orçamento de Estado para a educação. Para ter uma escola de qualidade precisávamos do PIB de 6%, estamos nos 3,2%»
Mesmo sem aulas e com escolas fechadas, alunos, funcionários e professores aposentados saíram à rua e não deixaram de vir apoiar e protestar.
José Costa, vice-presidente da FENPROF, também esteve presente no protesto, em que a adesão foi «idêntica à das que já se realizaram» e que «vão acontecer» noutros distritos.
O dirigente sindical refere que isto é «uma resposta que o ministro tem que ouvir e tem que perceber» para as coisas mudarem.
«No dia 20 de Janeiro, ele estava muito incomodado com os milhares de professores que estavam cá fora, mas foi concreto que a resposta que apresentou não vai ao encontro de nada».
Esta greve foi organizada por uma plataforma de nove sindicatos em que estão integrados a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Pró-Ordem dos Professores- Associação Sindical/Federação Portuguesa dos Professores, Sindicato/ Federação Portuguesa dos Professores, Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (SINAPE), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU) e Federação Nacional de Educação (FNE), em que fizeram um «trabalho fantástico» para defenderem a profissão e as carreiras.
Os professores garantem que vão continuar a lutar pela comunidade educativa, até obterem negociações e soluções em cima da mesa para a escola pública. Assim sendo, as manifestações vão percorrendo todos os distritos desde Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, até terminar no dia 8 de Fevereiro, no Porto. No dia 11 do mesmo mês haverá a manifestação na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
A greve têm se sentido por todo o país e ontem foi a vez da região algarvia, que continuará com a tendência de continuar sem aulas.
Fotos| Texto: Cátia Rodrigues
Estrela do Amanhecer