Armação de Pêra: Única bomba de gasolina da vila está em risco de encerrar

4-1-2025


A Bomba de Gasolina Galp, situada na Rua Dom João II, em Armação de Pêra, está em risco de encerrar, após de servir 50 anos a comunidade armacenense.

A única gasolineira da vila de Armação de Pêra está em risco de encerrar este mês, «assim que a Câmara de Silves mande».

Em conversa com o Estrela Do Amanhecer, Pedro Camilo, explorador do posto de gasolina Galp, revelou que a Câmara Municipal de Silves defendeu o encerramento alegando vários motivos, entre eles: o não ter plantado quatro árvores, que estariam no projeto, mas que posteriormente se verificou que eram os «respiradores de tanques», alegaram que havia muito lixo ao redor da bomba, lixo esse que se espalhava vindo dos contentores situados ao pé do estabelecimento, também foi referido o barulho dos camiões, que o explorador alega que na rua há supermercados que também são abastecidos por camiões, não havendo provas que seja os camiões da bomba os principais culpados do barulho.  

Por último, a Câmara Municipal de Silves justificou o encerramento devido à requalificação da rua, e de a bomba não se encaixar no visual que se pretende ter no futuro naquele espaço. A Câmara justificou, ainda, que estava numa via pública e não podia ficar mais no local.

Recebemos exemplos da Prio, de Alcantarilha, e da Cepsa, em Silves, que estão numa via pública e não atrapalha a própria via e que este posto também não deveria ter qualquer motivo para fechar.

«Há 50 anos que ali estamos com zero problemas e tudo conforme com a lei de segurança exige de qualquer posto de combustível. A Galp até propôs fazer alterações para o posto se adaptar à nova rua e a Câmara não respondeu», explicou Pedro Camilo.

Para além dos dois postos de trabalho que se vão perder, os armacenenses estão em risco de perder a gasolineira sem qualquer espaço prévio para colocar outra, sendo esta muito importante para os pescadores levarem combustível para os seus barcos, para quem mora e para quem é visita Armação de Pêra.

Tanto o explorador José Bentes Costa, como a proprietária Galp, têm feito de tudo para impedir o encerramento e até propuseram alterações para que se encaixasse nas novas requalificações. Mas mesmo assim a Câmara não respondeu ao “pedido de socorro” e não renova o alvará nem o documento da ocupação da via pública.

Esta situação está em discussão há cerca de dois anos e a população teme que acabe no início deste ano de 2025 da “pior maneira possível”.

Em resposta ao Estrela do Amanhecer, Ricardo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Armação de Pêra, afirma ter ajudado no que podia, levando as perguntas de Pedro Camilo até à Assembleia da Câmara. Afirma, ainda, não poder ajudar mais, pois quem tem o poder neste momento é a Câmara de Silves.

Neste momento, cerca de 700 clientes assinaram uma petição contra o encerramento da bomba de gasolina, ficando com a esperança de que se mantenha no mesmo local como há 50 anos para cá e que a Câmara Municipal de Silves reconsidere.

«Vamos esperar que cerca de 700 assinaturas mostrem a importância da continuidade deste estabelecimento», escreveu Pedro Camilo numa publicação de Facebook.

Em resposta ao email, Maxime Sousa Bispo, vereador da Câmara Municipal de Silves, afirmou que os motivos para o encerramento do posto de gasolina reflete-se nas questões de legalidade, visto que a licença de exploração da bomba foi caducada a 2 de Fevereiro de 2019, e pelas razões urbanísticas de qualificação do meio urbano, devido à requalificação da Rua Dom João II, no valor de 1,4 milhões de euros.

Segundo o vereador, o projeto de execução contemplará a requalificação e valorização do espaço público, no que concerne a reabilitação de infraestruturas urbanísticas no domínio do abastecimento de água e saneamento, a repavimentação de acessos viários, a criação de mais lugares de estacionamento público, o incremento da mobilidade urbana suave, o reforço da salubridade pública e da estética urbana e o encerramento de posto de abastecimento de combustíveis dentro de núcleo urbano consolidado, de forte pendor habitacional, para absoluta harmonização e compatibilização de usos em espaços habitacionais.

Após a audiência prévia da Petrogal, S.A., entidade a qual pertence a bomba, a Câmara Municipal de Silves deliberou, a 19 de Fevereiro de 2024, por unanimidade das forças políticas presentes no órgão executivo camarário, a desativação do posto de abastecimento de combustível até ao dia 30 de Abril de 2024.  

Maxime Sousa Bispo refere, ainda, que mostrou-se disponível para encontrar soluções para este problema, acolhendo um novo posto de abastecimento em Armação de Pêra, com as condições de segurança e modernização. Desta forma, foram feitas três reuniões com a Petrogal, para que houvesse um investimento na construção de um novo posto.

Como houve um atraso do Tribunal de Contas, a bomba de gasolina obteve um prazo de funcionamento de 1 de Maio de 2024 até à final da primeira quinzena de Janeiro de 2025.

Maxime Sousa Bispo acrescentou à entrevista com o jornal que «a antiguidade de um posto de abastecimento de combustível não se sobrepõe à exigência do cumprimento de legalidade vigente», isto é, pretende-se evitar a presença de postos de abastecimentos de combustíveis no interior de núcleos urbanos, com o uso predominantemente habitacional, evitar constrangimentos de qualidade ambiental, paisagística, estética e funcional do meio urbano, termos que a Câmara pretende incutir na Rua João II, conforme o projeto planeado.

Deste modo, «há a possibilidade de haver um novo posto, desde que a entidade avance com o devido investimento, onde «não faltam áreas expectantes no aglomerado urbano de Armação de Pêra, afastadas de zonas residenciais, que podem acolher este tipo de uso», concluiu o vereador.

Fig.1-Bomba de Gasolina em risco de encerramento

Fig.2-Rua Dom João II

Texto/ Fotos: Cátia Rodrigues


Estrela Do Amanhecer