1-8-2023 Especial Aniversário
Joaquim Beatro, padre da paróquia de Armação de Pêra, celebra quase 50 anos de celebrações na vila.
Acolhido e conhecido por todos, praticantes ou não na fé católica, em Armação de Pêra continua a celebrar há quase 50 anos na paróquia. Mas nem sempre esteve na mesma.
Joaquim Beato é natural da aldeia das Pedreiras, concelho de Porto de Mós, onde estudou e se ordenou sacerdote em 1965, na diocese de Leiria- Fátima. Naquela altura muitos jovens iam para os seminários, local onde se ia descobrir a vocação. Aos 20 anos decidiu «corresponder ao apelo do Senhor que chamava para a missão sacerdotal». Joaquim revela que este processo não é rápido e sim um desenvolvimento progressivo.
Mais tarde foi convidado em missão para o Algarve, indo para Monchique durante quatro anos. A seguir foi para Faro, em 1968, para inaugurar a Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve. Nesta escola foi professor 8 anos.
Ao deixar Faro, em Outubro de 1974 seguiu o caminho da palavra para Armação de Pêra, paróquia que permanece até hoje. Daqui continuou também a sua profissão como professor durante 26 anos na atual Escola Secundária de Silves, dando português e latim para se poder sustentar. Trabalhou durante muitos anos no Movimento dos Cursos de Cristandade como diretor responsável espiritual do movimento, foi assistente da ação católica na diocese do Algarve, e entre outras obras na diocese. Terminou a sua missão como professor, reformou-se e dedicou-se inteiramente à Igreja, como nunca o deixou de fazer.
«Fui professor, tive que trabalhar para me sustentar, aqui não havia nada para o padre viver e, então, como diz São Paulo: “Trabalhei para não pesar a ninguém”. Eu fiz a mesma coisa», refere Joaquim Beato.
Recuando atrás no tempo, para se tornar professor recorreu ao ensino, foi para o curso de Românicas para ter Português e Latim, na Universidade de Lisboa.
No tempo em que foi professor, passou por um «tempo muito bom e agradável» por onde passaram centenas de alunos que ainda hoje o encontram e o admiram, seja da Escola de Silves, do Liceu , atual Escola Secundária João de Deus e na Escola de Hotelaria, ambas em Faro.
Padre Beato, como também é conhecido, tem se sentido acolhido, respeitado e admirado pela população da terra ao longo destes anos. Como qualquer profissão, existiu várias experiências e as que mais tem tocado, na Igreja, é o contacto com as pessoas, seja nas celebrações, nos sacramentos, ou nas suas preparações.
O mundo está constantemente a modificar-se e Joaquim repara em diferenças tais como numa Igreja mais aberta e renovada, devido a todas as modificações que tem acontecido na sociedade.
Já com 84 anos, 58 de padre, esteve envolvido em muitos projetos tais como a creche “A Gaivota” e o Lar de Idosos de Armação de Pêra, sendo ainda responsável pelas entidades. No que toca a diferenças antes fazia duas missas ao sábado à noite, três ao domingo, para além de uma em Porches no mesmo dia, e quando esteve em Monchique, tinha reuniões em Faro quase todos os domingos devido a ser assistente da ação católica, ia e vinha numa motorizada, e descreve que se fosse hoje já não o faria.
Neste momento revela estar cansado, não podendo fazer aquilo que fazia antes, mas sente-se bem e orgulhoso da sua história até aqui, com um projetos para realizar: o Centro Paroquial de Armação de Pêra. Esta obra não tem data prevista de inauguração, pois espera-se a aprovação dos licenciamentos. Quando estiver resolvido, o edifício será usado para eventos, para lecionar catequese e dar mais vida à vila. Para além disto, a partir de Setembro continua a ter a missão de semear a palavra para as crianças, a ter reuniões com as catequistas e a ter encontros com outros padres para refletir, estudar e preparar.
No que toca ao futuro, o pároco deixa para Deus o seu caminho, mas deixa uma mensagem para a sociedade.
«Que haja por parte das pessoas uma colaboração muito maior entre as pessoas e o padre numa interajuda, num diálogo franco, uma caminhada de fé que devemos ter uns com os outros(…) nós vivemos em comunhão uns com os outros, ajudando uns aos outros, dialogando uns com os outros, vivendo uns com os outros. É dessa maneira que estamos em comunhão com Deus», concluiu.
Nesta vida nunca se sentiu solitário, as pessoas da terra são a sua família, e considera que ser padre é estar em comunhão com todos, vive a sua vida, e convive com as pessoas ao seu redor.
«O que quero fazer é realmente contribuir para o bem de todos na maneira que queiram ajudar e aceitar».
A começar as Jornadas Mundiais da Juventude a 1 de Agosto até dia 6, um grande evento católico em Portugal, Joaquim Beato considera que será uma revolução para os jovens , vai despertar a fé, a missão e os sinais que o Papa Francisco tem transmitido para a Igreja e para o mundo. Será um acontecimento único.
Deste pensamento, acha que a sociedade não está afastada da Igreja nem de Deus, apenas não encontrou o caminho certo e que estão a recomeçar, pois tem havido um arrefecimento na fé.
«Deus não esquece ninguém! Ama-nos, há lugar para todos, nós é que não descobrimos esse Deus. Há mistérios, mais tarde ou mais cedo aparecem (as soluções)».
Fotos/Texto: Cátia Rodrigues
Estrela Do Amanhecer