6-7-2024 Edição Especial
Manga Limão, uma banda algarvia constituída por quatro elementos, está a levar música "moderna" aos ouvidos dos farenses e dos portugueses há dois anos.
Yuri, o teclista do grupo, Henrique ou Molé (vocalista), Pedro Batista (vocalista) e Tommasco Antico, o guitarrista e produtor, eram amigos, e o que tinham em comum? A paixão pela música e as atuações através de covers.
Chegou a uma altura em que o grupo queria ter as próprias músicas originais.
Yuri recorda a noite de Dezembro de 2022, quando estavam em frente ao computador do estúdio, que tinham arranjado para ensaiarem os covers, e começaram a passar uma música do cantor Butto, visto que era o género de música que gostavam de ouvir. Foi nesse momento que surgiu a ideia de se juntarem para partilhar a paixão da música em conjunto.
Cada um passou a ter as tarefas definidas para que se pudessem preparar para os primeiros concertos. Os dois tiveram a duração de 50 minutos e tocavam como DJS, sem músicas originais, apenas músicas de hip-hop dos anos 2000.
Para se apresentarem para um desses concertos precisavam de um nome de banda, algo que ainda não tinham definido. Um dia quando Yuri e Pedro foram almoçar num restaurante pediram para beber ice tea de limão e outro de manga. A partir daqui tiveram a ideia de Manga Limão como nome do grupo e definiram o género que queriam tocar.
«Eu acho que nós somos uma banda divertida, E nós, como pessoas, também acho que somos assim. Mas também temos muita influência da música disco, dance, funk e pop», explica Yuri, membro da banda Manga Limão.
O grupo recorda-se que o mais difícil de todo o processo antes dos primeiros concertos foi conciliar o horário de todos os membros para ensaiar, porque, muitos deles têm um segundo trabalho. Por isso foi definido entre todos que à segunda-feira era dia «sagrado». Durante esses ensaios viam uma oportunidade de verem as partes que deviam melhorar e ouviam concertos de outros artistas para que pudessem ter mais inspiração e aprender um pouco mais. As músicas que criam não têm um género definido a 100%.
«Uma mistura de tudo, mas de acordo com as personalidades, se a vibe hoje for mais para o hip hop, é mais para hip hop. Depende da criatividade do dia», acrescenta o teclista.
Na entrevista com o Estrela Do Amanhecer, Yuri recorda o primeiro concerto como banda.
«Lembro-me que foi no Madalena, em Faro. Foi mais fácil de me lembrar a data porque foi no dia 23 de Dezembro de 2022, à noite», recorda.
Yuri refere que a banda tem vindo a evoluir ao ponto de o público no final dos concertos ter a curiosidade de saber onde poderia ouvir tal música novamente.
«Acontecia muitas vezes o pessoal no final do concerto vir perguntar “aquela música é bem fixe, como é que eu posso encontrar aquela música?” e nós dizíamos “olha, não podes porque ainda não saiu”. Acho que nesse aspeto isso foi uma evolução. Acho que também evoluímos. O que melhorou foi no sentido da nossa entrega ao projeto enquanto grupo. Atualmente está muito mais séria e estamos muito mais focados nisto do que se calhar no início», conta Yuri, teclista da banda.
«Passamos um ano a fazer música e agora tudo o que nós queremos é pôr as pessoas a curtir a nossa música e tocá-la, poder tocá-la é muito mais fixe até nós termos a oportunidade de dar concertos seja para 20 pessoas, 30. Para mim é muito mais fixe», acrescenta.
Esta banda tem muito feedback no norte do país, de público dos 25 aos 35 anos, e até mesmo em Faro já houve algumas situações de reconhecimento. Atualmente o grupo conta o primeiro álbum "Carungo Groove", com 12 músicas que podem ser ouvidas nas plataformas digitais ou fisicamente em CD.
O "Carungo" já teve o seu sucesso, pois já passou algumas das faixas na Antena 3, Rádio Nova (Porto) e na RUA FM.
Além disto, contam com alguns concertos em que se recordam de alguns dos momentos ao longo da entrevista.
«O pior momento para mim, individualmente, nos Manga Limão, foi quando, no concerto do Porto, que tinha tudo para correr mal, e correu. Os cabos desligaram-se, perdi a conexão ao PC, deixei de ter o baixo. Foi um dia atribulado», recorda-se um dos membros da banda.
Recordam-se, ainda, um melhor momento, no concerto em que apresentaram o primeiro álbum no dia 13 de Abril, no Madalena, em que estava muitas pessoas e não esperavam assim tantas.
Para quem tiver curiosidade de ver ao vivo, os Manga Limão vão atuar ao longo do Verão, sobretudo em Faro, a cidade onde os viram crescer, basta segui-los nas redes sociais.
Os próximos objetivos de futuro são simples: estão a fazer acontecer como sentem que devem fazer, mostrar a arte em mais lugares, visto que em Faro já têm algum estatuto, e preparar o segundo álbum.
Para além disto, o grupo acha que devia haver mais interesse em ajudar por parte das freguesias ou das Câmaras, ouvir os artistas “recém-nascidos” e ir conhecer pessoalmente os projetos, pois ainda existe desvalorização nas bandas algarvias por parte das entidades.
«Os artistas sentem-se um bocado despidos, porque não têm esse apoio, parece que estamos aqui sozinhos. E estamos, no fundo», diz um dos membros.
«Nós temos o nosso material, gravamos, compomos, masterizamos o nosso som e pagamos pelos nossos CDs. Ou seja, tudo o que nós temos de Manga Limão até hoje, tudo o que existe foi do nosso bolso e da nossa cabeça, foi com as nossas ideias e com o nosso método. Lá está falta esse apoio a esses grupos», acrescenta.
Com isto, os Manga Limão deixaram uma mensagem para aqueles que começaram agora os seus projetos.
«Isto não tem a ver com o facto de seres uma banda, isto tem a ver com o individual de cada um, e uma banda, que atualmente já se faz muito pouco, e acho que o problema é isso, porque tudo se tornou muito mais individual hoje em dia, mas acho que se tu curtes tocar bateria, ou curtes tocar campainhas e fugir, ou o que tu gostares de fazer, só fazes porque tu curtes», finaliza Yuri, teclista da banda Manga Limão.
Yuri, Pedro Batista e "Molé" com o primeiro álbum "Carungo Groove", do Manga Limão
Foto e Texto: Cátia Rodrigues
Estrela Do Amanhecer